terça-feira, outubro 18, 2005

25 de abril mental

Peço desculpa pela ausência. A razão? Trabalhos forçados. Não é má vontade minha, é falta de estímulo, é remar contra a maré. E isto quase parece uma letra de música mas não sou eu quem a toca. Trabalho num callcenter 8h/dia. Dava para criar um novo blog com os disparates, as reclamações, os desabafos, as falsas expectativas, a educação e a falta dela que ouço todos os dias. Tenho de responder de uma determinada forma mecânica à qual já não presto atenção mas quando presto sinto-me ridícula. Educadamente ridícula. "Sou uma mera funcionária, como pode compreender" respondo eu. Mas nem isso sou e ninguém pode compreender.
Depois chego a casa, exausta, e ouço as mesmas histórias na t.v., parece uma sanguessuga que não me larga o pé isto de não conseguir vislumbrar um futuro. Aumento de impostos, aumento da gasolina, aumento dos transportes, aumento do desemprego. Só não aumentam os salários e as regalias, até porque, convenhamos, anda meio mundo a enganar o outro meio e é como a pescadinha de rabo na boca ou o cão atrás do próprio rabo, não vamos a lado nenhum.
Ouvi uma teoria: "enquanto não morrerem as pessoas que tinham mais de 20 anos no 25 de Abril isto não anda prá frente". Um pouco drástico. Mas o facto é que enquanto não houver um "25 de abril" na mentalidade do português comum, nada vai melhorar...

1 comentário:

ba disse...

O português comum somos todos nós. Uns mais que outros. Porque uns encaixam perfeitamente no chamado estereotipo português, outros deixam um pé de fora. Basta ver o exemplo das ultimas eleições: onde certos candidatos obtiveram maiorias absolutas para perpetuar os mesmos crimes pelos quais foram indiciados. Quem vota é o português comum... agora se ele quer o acesso à educação e ao conhecimento dos seus direitos? Diz que sim. Mas age como se não.